Carlos “Zingaro” (Lisboa)- Com uma carreira de mais de 60 anos, enquanto músico, compositor e artista visual, tem formação clássica, tendo desenvolvido extensa prática nas artes experimentais, desenvolvendo múltiplas colaborações com alguns dos maiores nomes da “nova música” mundial, com presença frequente em festivais internacionais. Pioneiro em Portugal na utilização das novas tecnologias na composição e interacção em tempo real, assim como na relação som / movimento e composição imediata, particularmente presentes emmuito do seu trabalho como compositor de cena, sobretudo para dança e teatro, tendo trabalhado com muitos dos principais encenadores e coreógrafos nacionais.
Integrou a Orquestra Universitáriade Música de Câmara, dirigida pelo maestro Ivo Cruz. Tirou o curso superior de cenografia e figurinos da Escola Superior de Teatro em 1976. Com uma bolsa da F. C. Gulbenkian foi residente na escola politécnica de Wroclaw / Polónia nos primeiros encontros internacionais de “teatro música” dirigidos pelo compositor Richard Misiek em 1978. Em 1979 ganha uma bolsa Fulbright e é residente na Creative Music Foundation - Woodstock / New York, dirigida pelo compositor Karl Berger. Em 2010 é residente na Civitella Ranieri Foundation / Itália, com bolsa da mesma fundação. Está na origem de grupos como Plexus (1967), Cómicos Grupo de Teatro (1974), Granular Associação (2002). Tem uma discografia de mais de 60 títulos, maioritariamente em edições internacionais.
ZARMensemble - Quarteto de Cordas
“De um quase compulsivo fascínio pelo som, pela esmagadora ressonância de grandes espaços acústicos, pelas subtilezas do vazio ou do silêncio inalcançável, fica-nos a exploração colectiva de cordas e madeiras, em vibrações constantes que vão penetrando esses “lugares específicos”, nos seus reflectidos silêncios.
Um outro diferente quarteto de cordas, que sacraliza o profano.
Ou “profanaliza” o sagrado.
Seremos eventualmente viajantes constantes, vivendo entre cá e lá, enquanto procuramos sempre o valor da experimentação, de colaborações várias pelo mundo dos sons.
As artes serão para nós um jogo de questões, concepções e sempre surpresas fundamentais.
É o jogo do risco, ou o risco desse mesmo jogo.
É o fascínio da criação e da sua transformação.
Para nós, o deslumbramento perante ainda uma outra forma.
Ainda a capacidade da surpresa perante o não expectável...
O não determinado.
Não só a tradição clássica “determina” que o quarteto de cordas tenha uma viola de arco e não um contrabaixo na sua constituição, como frequentemente, por essa mesma tradição, o aleatório terá raramente alguma presença na estruturação da lógica composicional.
Tentando evitar a “ilustração” de linguagens ou idiomas, as nossas composições serão sempre objecto de alterações no momento, de espaços e silêncios eventualmente contraditórios e tantas vezes não expectáveis.
De Bach a Bartók, ou de Cage a Lachenmann, a dimensão exploratória é vastíssima e enriquecedora.
Pretendemos pois, um percurso renovador e de reinvenção constante, não definitivo nem determinista.
Sempre aberto a possíveis “contaminações”, essas sim determinadas pelos nossos diversificados percursos e experiências de vida. Tentaremos sempre uma acção interventiva e actuante, liberta de cânones e de previsíveis lugares comuns.
As colaborações que se nos apresentam com o bailado, nas suas constantes interacções com o movimento físico e sonoro, são uma valiosa determinante da nossa acção.
Esta formação será também e ainda, uma prova de vida, pessoal e colectiva, de gerações e presenças sempre activas, em uma realidade aparentemente cada vez mais alheada do registo e da memória histórica, enquanto objecto e objectivo. (Carlos “Zingaro” e ZARMensemble)
Ficha artística
Carlos "Zíngaro" - Violino
David Alves - Violino
Alvaro Rosso - Contrabaixo
Ulrich Mitzlaff - Violoncelo